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CPI da Covid: motoboy de empresa com contratos na Saúde confirma saque de mais de R$ 400 mil e visitas ao ministério

Em depoimento à CPI da Covid, realizado ontem (1º), o motoboy Ivanildo Gonçalves da Silva, admitiu que sacava dinheiro em espécie para a VTC Log e chegou a retirar mais de R$ 400 mil de uma só vez. De acordo com Ivanildo, a área financeira da empresa, que possui contratos com o Ministério da Saúde na mira da Comissão Parlamentar de Inquérito, repassava diversos cheques a serem descontados para pagamentos de boletos. Com as informações prestadas pelo motoboy, a comissão decidiu quebrar o sigilo de Ivanildo e convocar a funcionária da VTC Log que lhe mandava fazer saques e pagar boletos. Também decidiu apresentar uma ação na justiça para apreender o telefone celular dele.

“No início, uma vez eu saquei o valor de R$ 400 e poucos mil, na boca do caixa”, disse ao ser questionado sobre o maior volume que ele lembra ter sacado.

Em seguida, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que foi identificado pelo colegiado saque de R$ 430 mil em uma das ocasiões e o motoboy confirmou.

Ivanildo contou que a funcionária Zenaide de Sá Reis, do financeiro, dava cheques para ele sacar no banco. Todo o contato entre os dois, conforme o relato, era feito pessoalmente. Após sacar as quantias e fazer os pagamentos, o motoboy disse que devolvia o que sobrava para Zenaide.

Indagado se carregava muitas cédulas de dinheiro na sua moto, Ivanildo disse que normalmente sobrava pouco para levar de volta para a empresa, pois a maior parte era usada no mesmo banco para os pagamentos. Ele não soube precisar qual foi a maior quantia que transportou.

Ele também afirmou que trabalha na VTC Log desde 2009 e que recebe atualmente um salário mensal de R$ 1.700 através de uma conta bancária, por transferência. Ele disse que já trabalhou como motoboy em diversos setores e que sua função demandava a entrega de documentos e faturas nos órgãos em que a empresa tinha contrato. Ele negou receber gratificações.

Ainda segundo o motoboy, as faturas mais altas eram da ordem de cerca de R$ 30 mil, referentes a contas de cartões de crédito dos donos da companhia.

O motoboy afirmou que apenas fazia os pagamentos e não entregava dinheiro diretamente para ninguém:

“A única coisa que eu executava no papel era de pagar boletos; às vezes depositava, quando me pediam: olha, deposita esse dinheiro. Mas eu não cheguei ainda, assim, entregar dinheiro para ninguém”.

Ivanildo afirmou também que ia com frequência ao Ministério da Saúde, em especial no quarto andar, entregar faturas em diferentes setores.

 

Coincidência de datas

Alguns senadores, como Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Simone Tebet (MDB-MS), apontaram a coincidência de datas entre o pagamento de boletos do ex-diretor de logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias, a ida de Ivanildo à agência bancária onde isso foi feito, e o reajuste de um contrato da VTCLog aprovado pelo próprio Roberto. Randolfe apresentou inclusive imagens de uma pessoa numa agência do Bradesco em Brasília, e Ivanildo confirmou ser ele.

Em resposta ao senador Humberto Costa (PT-PE), o motoboy disse que recebia vários boletos e os entregava todos juntos para pagamento no banco. Em seguida, Humberto disse que poderia haver então nesse bolo contas de políticos e de outras pessoas sendo pagas pela VTCLog.

Ivanildo disse ainda que foi a VTCLog quem lhe apresentou o advogado, mas o deixou à vontade para decidir o que fazer. Foi esse advogado, Alan Ornelas, quem apresentou uma ação no STF que lhe garantiu o direito de não prestar depoimento. Ivanildo disse que inicialmente não queria falar sobre o assunto, mas mudou de ideia em razão do assédio da imprensa.

“A empresa me apresentou o advogado, falou: Ivanildo, fique à vontade, faça o que sentir. E eu fiz”, disse o motoboy.

Ele também explicou por que quis falar na CPI:

“A mídia, todo mundo perturbando. Eu senti que devia vir para pôr um ponto final. Foram o tempo todo à minha casa, meu sossego. A mídia, os repórteres [foram]. Diante da situação, resolvi vir”.

 

Celular do motoboy

Renan também pediu emprestado o celular de Ivanildo para extrair dados. O advogado do motoboy foi contra, e Ivanildo seguiu a orientação dele. O presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), reclamou da atitude do advogado de puxar o microfone de Ivanildo em algumas perguntas. Randolfe Rodrigues determinou à mesa da CPI providências para quebra de sigilo do telefone do motoboy.

O advogado Alan Ornelas, que defende Ivanildo, lembrou que a decisão do STF permite que ele não preste o compromisso de dizer a verdade. Mas, questionado pelo senador Omar Aziz (PSD-AM), o motoboy disse:

“Estou aqui para dizer a verdade”.

Renan tentou tranquilizá-lo, dizendo que ele atuou por ordem dos superiores e não cometeu nenhum crime.

 

Informações: G1

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